Fonte: Conservatório Digital
Estamos falando da MARCHA NUPCIAL. Na verdade estamos falando de duas Marchas Nupciais. Uma delas é composta por Felix Mendelssohn e a outra por Richard Wagner, Alemães que viveram no século XIX.
Richard Wagner conquistou muita riqueza com a música mas perdeu tudo. Sua vida tumultuada, repleta de desilusões no amor, traições de amigos, dívidas acumuladas e exílio político influenciaram diretamente nas suas obras.
Dom Pedro II, Imperador do Brasil, admirava Wagner. Ele só não conseguiu trazer Wagner para o Brasil porque seus ministros o proibiram pois Wagner era considerado um revolucionário criminoso e perseguido pela justiça Alemã. O curioso da perseguição política começou quando Wagner brigou por aumento de salários da orquestra, o direito à aposentadoria dos músicos e bonificações para músicos com qualidade musical superior à media, isto é, quem tocasse melhor ganharia mais. Este pensamento revolucionário quase lhe custou a vida e chegou a ser preso e deportado do País.
A MARCHA NUPCIAL de Wagner, "Bridal Chorus" é uma peça belíssima, igualmente trágica. Esta Marcha Nupcial é um trecho de uma de suas óperas, a "Lohengrin". Nesta encenação musical, Lohengrin é um homem que se casa com a heroína Elsa. A cena do casamento contém somente duas músicas. A música da Marcha Nupcial é tocada no final onde Lohengrin prontamente mata cinco convidados e foge deixando Elsa que, de tanta tristeza, morre.
Wagner achava engraçado que sua peça fôra escolhida como tema para casamentos na vida real.
Em resumo, o belo tema, batizado no Brasil como "lá vem a noiva", é parte integrante de uma tragédia. Mas porque se tornou tão popular em casamentos, principalmente nos EUA?
Em 1858, a princesa britânica Victoria se casou com o príncipe da Prússia Frederick William. A princesa foi quem escolheu o repertório musical colocando a Marcha Nupcial de Wagner para a entrada e a Marcha Nupcial de Mendelssohn para a saída. Victoria não só inovou no repertório musical como no visual. Foi a primeira noiva a usar um vertido branco já que, até então, usava-se somente vermelho ou dourado. No quesito sentimento, foi a primeira a se casar por amor pois a sucessão ao trono era imposta pelo Rei ou Rainha.
Devido à este casamento, as noivas que gostariam de vivenciar um dia de princesa utilizavam do mesmo repertório musical e visual, perdurando até os dias de hoje.
Felix Mendelssohn teve uma vida completamente diferente de Wagner, embora vividos na mesma época e no mesmo País. Filho de um banqueiro milionário, Mendelssohn nasceu em meio ao luxo e à educação própria dos grandes mestres do seu tempo. As maiores mentes da Alemanha eram visitas frequentes à sua casa. Ele era considerado uma criança prodígio. Tocava piano aos 4 anos de idade e escreveu sua primeira obra aos 13 anos.
Coincidentemente, assim como Elsa na peça de Lohengrin de Wagner, Mendelssohn adoeceu e morreu em profunda tristeza após receber a recusa da cantora sueca Jenny Lind para fugir com ele aos EUA, pois sua amada já era casada e não desatou seu matrimônio.
A MARCHA NUPCIAL de Mendelssohn, encomendada em 1842 pelo então Rei da Prússia Frederico Guilherme IV, foi escrita dentro de um contexto para uma peça teatral de Shakespeare. Nesta peça com o nome de "SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO", a MARCHA NUPCIAL aparece entre outros 13 trechos musicais em forma de danças formando uma Suíte Musical.
A peça gira em torno da seguinte história: O Rei das fadas OBERON vivia em pé de guerra com a Rainha Titânia. Para se vingar, OBERON transforma o Duque Bottom em um homem com orelhas de burro (asno). A Rainha, enfeitiçada pela poção mágica de OBERON na intenção de ridicularizá-la perante seu reino, se apaixona por Bottom e os dois fogem para a floresta para se casarem. Quando a poção perde seu efeito, Bottom se transforma novamente em homem durante o casamento. A MARCHA NUPCIAL foi escrita para finalizar esta união entre a Rainha e Bottom orelhas de asno e é tocada no final, não no início como fazem nos casamentos tradicionais.
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