Oi pessoal, como estão? Espero que bem.
Bom, zapeando por aqui, me deparei com algumas noivinhas que, no meu entender por falta de comunicação (e um pouquinho de excesso de expectativa), acabam ficando chateadas com outras pessoas durante os preparativos do casamento. De relatos de: "madrinhas que estão dando trabalho" , até "minha mãe não me ajuda" ou "ninguém se importa.
Então quero propor uma reflexão sobre comunicação.
Eu estudo comunicação há um tempo e me choca como nossa sociedade carece dela. Nós tendemos (eu que o diga) a achar que se estamos falando, o interlocutor está entendendo o que queremos expressar, afinal, todos falamos português.
Mas uma questão que muitas vezes esquecemos é que cada pessoa tem uma bagagem: criação, conceito e forma de ver a vida. E sim, para uma boa comunicação é preciso levar em conta o interlocutor. Alias, a comunicação não é sobre quem fala, mas sobre quem recebe.
Quantas vezes você, assim como eu, ficou chateada (o) quando alguém não agiu da forma que você esperava? E quantas vezes você efetivamente verbalizou o seu desejo, levando em conta o interlocutor? Vou dar um exemplo: muitas noivas acham lindo aquela coisa de madrinhas com vestido padrão por N motivos (válidos devo dizer). Porém são poucas que vejo dialogando diretamente com as pessoas envolvidas, no sentido de falar: fulana eu queria muito que minhas madrinhas estivessem com a cor X, o que você acha? Você se teria algum problema? Olha sei que é caro, por isso estou perguntando, porque se tiver inconveniente tranquilo. Percebem como soa mais receptivo do que chegar com uma caixa com um manual, como se a pessoa estivesse sendo contratada pra algo? Percebem como você abre uma porta para a pessoa colocar os pontos dela e até estar mais aberta a sua ideia? Afinal ninguém gosta de receber ordens a menos que seja pra pagar o salário da gente, quanto mais um evento que além de tudo ao invés de ganhar a pessoa vai desembolsar (e não é pouco).
E antes que venham com: "o dia é da noiva, a madrinha tem que fazer", quero lembrar que estamos no Brasil e que aquela coisa de filme faz parte de outra cultura. Sim é verdade, nos EUA e Europa a madrinha vira meio que uma "escrava da noiva", mas definitivamente não é nossa realidade. No Brasil a gente trabalha até 3X mais que no exterior devido entre outros fatores a custo de vida, muito tempo em transporte coletivo, estudar e trabalhar. Ou seja, quando a pessoa tem tempo livre a última coisa que ela vai pensar é no nosso casamento. "Ah mas pensa em outras coisas, então não sou prioridade". Na verdade nós somos prioridade de nossos cônjuges e, em alguns casos, dos nossos pais. Pra mim pelo menos, padrinhos são tão só e apenas conselheiros do casal, pessoas próximas que queremos no altar no dia. Não tem obrigação de absolutamente nada. Se quiser, ótimo, será bem vindo.
"Ah mas eu queria já chegar com a caixinha, fazer uma surpresa". Já parou pra pensar o quanto o "quero fazer uma surpresa" é pretencioso da nossa parte? Salvo exceções pontuais, eu entendo surpresa como algo "para satisfazer o nosso próprio ego". O "ah fulano vai amar" envolve muitas coisas. A menos que você tenha uma intimidade estilo a de namorados com a pessoa, o risco de ela ficar constrangida e aceitar só pra não fazer desfeita é grande. E ai vem as dores de cabeça depois, pois a gente faz esperando algo que a pessoa não pode dar.
Eu aprendi essas coisas a duras penas e com as piores decepções possíveis. Posso dizer que depois que adotei o: ninguém vai adivinhar, o não existe isso de "está subentendido" ou "mas é óbvio", minha vida mudou, inclusive meu namoro. Muitas das coisas que eu pensava: ah mas ele sabe. Não, não sabe. Se não falar, não sabe. Ex: eu tenho pânico que ele me peça em casamento em público. Na verdade eu dispensaria isso de pedido de casamento porque pra mim se estamos nos organizando, é obvio que ele quer se casar comigo. Mas ele não sabia. Então eu abordei: você pensa em fazer pedido de casamento? Ele respondeu: claro, é importante (veja a importância do diálogo, eu não considero importante). Eu disse: posso te pedir uma coisa? Se você for fazer, não faz em público por favor? É porque tenho muita vergonha e fico constrangida com situações assim, me sinto exposta como "se fosse uma atração de circo" (eu lido muito com o fato de ter pânico de que riam de mim - resquícios do bullying na infância, mas que hoje sei como controlar, trato e tento me adaptar). O que pra outras mulheres seria um sonho, pra mim seria uma humilhação (é exatamente assim que me sinto, e sim, eu sei, é estranho, meu terapeuta que o diga). Ele entendeu que me surpreender da forma que na concepção dele seria incrível, seria pra mim constrangedor. Ele ainda não pediu, mas fico mais tranquila pq sei que se fizer, será entre nós. Ele está ciente que eu não faço questão, mas que vou ficar feliz pelo esforço dele em me agradar.
Gente, é sobre isso. Precisamos sair da nossa bolha de "ah mas fulano vai amar" ou "ah mas é isso que mãe/pai/sogro/sogra/cachorro/papagaio faz".
O que acham? Acham que faz sentido? Tem dificuldade em se comunicar? Onde acham que da pra se comunicar melhor e tornar a vida mais leve?